fritura

proliferação desenfreada
anuncia a catástrofe urgente.
a semente de todo mal
impregna o sal e o azeite.
aceite a inseminação
que amarga o teu gosto quente.

a frenética putrefação não escolhe
a conta
o caule
o cacete

é tempo de implosão

implore pela lâmina
antes que seja tarde.
aguarde a secura na boca
quando as entranhas
escorregarem aos dedos.

mastigue o nó que prende
a cura
macula o parto pré-maturo
pós insanidade santa.

pregue os olhos na cruz e
isenta o delírio da dor
mantra
rasga a fibra que te corta
fundo

inunda o mundo
de temperos
e odores

Dos Gigantes (por Shala Andirá)

Dos Gigantes. ( Para Roberto Pontes)

Então era o barro
o escarro do velho
Anjo

Colisão de fonemas acres
impelidos no massacre
da treva espessa

Esta sabida dor de cabeça
Luz à fronte
que padeça

Acorde antes que o gigante adormeça
o sangue submerso

tu te cresces a cada verso

Ecoa intenso interno
teu implosivo inverso
pluriverso

Da prostituição do ser
cresce avesso
o teu verbo

Caveira do ego
estalada à prego.

Shala Andirá

gravidade zero

a medula no meio, entre o fluxo e o instinto.

o labirinto dos desejos a pulsar explícito.

o fio tênue da loucura a romper verve platônica.

atômica fruição.

gravidade zero.

artérias a milhão.

e a imensidão da tua teia a se esparramar no solo.

PictóricOru

Hipertextos desconectados. Contextos cromossomos pictóricos. Hiperbólicos parangolés semântico-fonéticos. Imagéticos estertores. Aglutinadores pirotecnia nevrálgica.

somo
croma
cromo
coma

deguste ouvidos póros
pele subcutânea impele proles
caule seiva sulco entranhas
arranha pregas impregna sanha

tamborim tam tam baticundum wauah strong

cosmofonia inebria estanca

falofilofagia
pregoprosopopéia
anarquicoverborréia
microtransmorragia

volito tanse ótico cão sentado radicaliza plasma
habito pouso insólito taquicardia baliza átima
intruso transmorfogênese incandescente letargia anágua
rabisco inconsciente telepatia bulimia amarga

rarefeito sabores olfativo masca
releio autores regurgito máscaras
intento rumores deposito aspas
tão qual leitores alforrio arcas

expansivo cosmopolita rudimentares dimensões trigenoma blasfemo cuspido etéreo
aurélio suprime signifitóides ausentes substanciados presença materiamálgama.

causa.
cousa.
calha.
colha.

encolha.

fluxo

falo, calo, esporro. coro, couro, esporro. cada jorro neurônio explode epiderme vagueia entranhas alheias. veia...

farinha

placebo.
percebo tudo plástico em volta reduto.
aturo.
soco na cara coroa espora alma incrementa flores matizes matisse anais.

via

fiasco eterno.
incerto mastodonte minúsculo.
ciclo.
via.
redondilha às avessas a nos mostrar.
tranquilizantes excitantes encharcam escrachos desmundos.
metonímia.
despudorar.

"

crepúsculo.

doses de sol em salmoras.

arbustos.

campos em latas de tintas.

escritos.

esporádico atol de carpas entre aspas.

vinco.

coro

óperas concretas claustrofóbicos corais zunidos reflexivos parlendas existencias

teletransporte

diluir-se em palavras sonoras poéticas.

fonemas pastéis mordazes ciclones.

teletransporte instantâneo.

centro neural sinapses pintam olhares fonte.

jorros estéticos desvelam fagulhas entranhas.

artimanhas assentam metáforas ao vento.

alento.

avatar

carioco concertos estáteis.

cibernéticos estéticos.

modelo em linhas transfer túneis crivados assombros táteis.

inibidores descompromissados.

indutores férteis.

descortino avatares descomprimo reclusores.

expansivo ser eólico habita denso plasma corpo matéria.

gado 3

o gado que gera o lucro é bem alimentado.

quem n tem grana p comer a carne, q morra.

essa é a lógica.

e os acionistas engordam...

fugir ao encontro de si

as faces do ser

insanidade

asfalto pedaços de incertezas vans em lastros de demências sãs.

gado 2

1 bilhão de pessoas passam fome.

mais de 50% dos cereais comercializados no mundo são utilizados como alimento para animais e biocombustíveis.

o que é produzido pela agricultura em toda terra pode alimentar toda a população do planeta.

e a produção de carne continua a ser bem alimentada.

aritmética

metade das riquezas do planeta está nas mãos de 2% da população. 80% das riquezas minerais são consumidas por 20% dos seres humanos.

a matemática faz parte do nosso dia-a-dia há muito tempo.

mas realmente parece que não sabemos dividir.

made in

basicamente todos os produtos dos quais desfrutamos são derivados do petróleo. quanto mais moderna a sociedade, mais natureza está impregnada nos bens de consumo. o esgotamento dos recursos naturais parece ser o único caminho para satisfazer o encantamento do conforto ao estalar dos dedos.

os mesmos que puxam o gatilho.

gado

nacos de carne expostos em varais de cobre encobrem toneladas de co2 suspensas ao vento cuspidas em fogo maquinário movido a oleoduto grãos semeiam fome humana.

o gado regurgita refastelado.

homem-bomba

o planeta tem 4 bilhões de anos.

o ser humano existe há 200 mil anos.

nos últimos 50 anos implementamos de forma radical

o processo de auto-destruição.

ainda é possível conter a bomba relógio.

fórceps

um dia de incidência solar sobre a superfície da terra gera energia suficiente para suprir a demanda da humanidade por um ano.

e a gente insiste em arrancar a fórceps toda vida das entranhas terrenas.

deep blue

remar a favor da maré e aproveitar o fluxo para traçar caminhos próprios é descortinar as correntezas rumo ao azul profundo.

o mundo é uma gota no oceano infinitude.

quark

elétrons, nêutrons, prótons. fótons, grávitons, mésons.

quanto quark ainda precisará ser descortinado para embalar os átomos que insistem em gravitar ao redor de nossos corpos nus.

eletromagnética átima expressão.

lava

depois do mergulho ao centro da terra, nossa viagem em lavas derreteu o tempo e solidificou o âmago que nos une. ventre universo brota das profundezas em jorros vulcânicos. vida alimento segue em direção ao sol.

ar

se perder em meio à liberdade é um ótimo caminho pra se encontrar

hd

processadores pensamento.
memórias virtuais em nano-sentimentos gigabytes.
sensores despudores alimentos usinas estelares.
hds expandidos preservam arquivos nucleares.

déjà vu

uma picada no meio do asfalto agridoce. a luz intensa dos faróis já não contém a angústia embrulhada pra presente em periódicos déjà vu sincrônicos. rotativas teimam em alastrar crateras no centro da selva chuvosa. furos virtuais on line não diminuem a fúria celulose da besta fera. quimeras distantes engarrafadas na lagoa-barra. é cedo demais pra que seja tarde...